terça-feira, 22 de dezembro de 2015

FRAMES-ANÁLISE - Conheça a história de Akira: um clássico da animação japonesa

 Donovan Mc Dulles

A década de 1990 foi marcada no Brasil pelo boom da cultura japonesa. Tá bom pode até não ser, mas graças a Rede Manchete o Brasil tomou conhecimento da cultura nipônica e de vários animes e tokusatsus (filmes ou série com atores de super-heróis produzidos no Japão) que eram importados de lá. E isso não só repercutiu muito no país como mudou toda a forma que víamos a cultura oriental. Tivemos Jaspion, Changeman, Cavaleiros do Zodíaco, Yu Yu Hakusho, entre outros sucessos. Mas um dos longas metragens mais famosos do outro lado do mundo não veio para a Manchete.

Lembro de ficar acordado até tarde nas noites de sábado para assistir a sessão de filmes trash que a Bandeirantes exibia. Antes dela existia uma sessão de filmes onde cansaram de passar A Lenda do Demônio e Akira. Este que é uma, senão a melhor, animação japonesa de todos os tempos.

Em Akira, Katsuhiro Otomo criou um mundo Cyberpunk pós apocalíptico diferente do que tínhamos em mente naquela época. Se você pensar os filmes que falavam sobre um mundo devastado tinham como principal tema a escassez de água, falta de tecnologia, falta de combustível e era desértico, como vemos em Mad Max. Akira por outro lado nos mostrava uma Neo-Tokyo devastada pela terceira guerra mundial, mas que não tinha perdido sua tecnologia. Temos carros, motos, armas, entre outros aparatos de ponta. Mas como em toda grande cidade isso não é para todos. É daí que vem nosso herói Kaneda.


Kaneda e Tetsuo são dois amigos de infância e membros de uma gangue de motoqueiros que não tem nenhum futuro na vida. O ensino em sua escola é ruim, os professores não tem poder em sala de aula, os alunos estão lá meramente para se encontrarem e tramarem guerras nas ruas de Neo-Tokyo. A maior paixão deles ainda são suas motos. Em uma noite Kaneda e seus amigos partem para o conflito com uma gangue rival por terem invadido seu território e com isso tem início uma grande perseguição na cidade. Durante a perseguição vemos o combate com pedaços de pau, tubos de ferro, socos e pontapés tudo isso em cima das motos.

Nesse confronto e durante todo o filme vemos a diferença na animação japonesa que chocou os americanos na época. Algo que eles não estavam acostumados a ver em um desenho: sangue, morte, atropelamentos, corrupção, confrontos políticos. Tudo isso aliado a uma animação tão boa que até hoje deixa muitas no chinelo. Akira fez história e causou reboliço e se tornou um filme cult, fazendo as animações da década seguinte se espelharem nele.


Outro ponto forte de Akira é a trilha sonora. Como era de se esperar para a década, marcada por sintetizadores, a trilha foi composta por uma mescla de vozes humanas, instrumentos étnicos e sintetizadores. O compositor Shoji Yamashiro não teve acesso ao roteiro e nem viu nenhum trecho do filme e mesmo assim conseguiu fazer uma trilha que soasse com uma provável realidade de 2019, época em que se passa o filme.
Akira foi um filme grandioso, seu orçamento chegou na casa dos US$ 10 milhões, um recorde para um longa de animação da época. Apesar de todo o sucesso obtido, uma continuação nunca foi planejada, mas na década de 1990 a Sony ainda cogitou uma versão em live action, mas largou de mão quando seu orçamento estava previsto em torno de US$ 300 milhões. Já em 2008 a Warner Bros. adquiriu os direitos autorais do mangá e desde então tenta fazer uma versão com atores. Até o ator Garrett Hedlund (Tron o Legado) e o diretor Jaume Collet-Serra (A Casa de Cera de 2005 e A Órfã de 2009) já foram cotados para o projeto que não sai da gaveta. Recentemente a Warner Bros. anunciou o retorno de Jaume, que havia se afastado, e também de acordo com o site Deadline, Dante Harper (The Last Witch Hunter) será o roteirista. Além de Jaume e Garrett nomes como Ken Watanabe e Kristen Stewart já estiveram ligados ao projeto.


No Brasil, o mangá de Akira começou a ser publicado em 1990 pela Editora Globo e foi cancelado em 1993 e retornando em 1997, com as últimas 5 edições restantes. O longa-metragem foi lançado nos cinemas brasileiros em 1992 e logo após ao mercado de VHS. Infelizmente no Brasil tudo que é animação é tachado como desenho infantil e Akira foi parar nas prateleiras desta categoria. Só no final da década de 1990 é que o filme foi para as telas da tv aberta. A Band começou a exibir o filme no horário da noite após as 22:00 o que fez muito sucesso, reprisando várias e várias vezes. Em 2008, em comemoração aos 20 anos de seu lançamento, foi lançado em uma versão especial pela Focus Filmes em uma embalagem de lata com duas versões 4:3 e 16:9 além de discos com vários extras de produção.  Akira já foi lançado em Blu-ray mas não teve tanto sucesso, apenas críticas ruins.


Akira Blu-ray


Trailer feito por fãs

Fabien Dubois outro fã de Akira também fez um teaser trailer em Live-Action.


Akira foi lançado em 1988 e é baseado no mangá que ainda estava sendo escrito pelo mesmo Katsuhiro que deve ter queimando milhões de neurônios para condensar uma história tão complexa e longa, de quase dez anos (1982-1990) em aproximados 120 minutos, mas Otomo conseguiu. Juntamente com Izo Hashimoto roteirizou e dirigiu o filme fazendo grandes cortes na trama central do mangá para a versão das telonas. Mas isso não atrapalhou em nada a história e os personagens.



Akira (Akira, Japão – 1988)
Direção: Katsuhiro Ôtomo
Roteiro: Katsuhiro Ôtomo e Izo Hashimoto
Elenco: Mitsuo Iwata, Nozomo Sasaki, Mami Koyama, Tesshô Genda, Hiroshi Ohtake.
Duração: 120 min

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

FRAMES-CRÍTICA – Sequência de Uma Noite de Crime supera o original por se aprofundar no tema

Fábio Pereira

No cinema, são raros os casos em que uma sequência supera o original. Talvez isso se deva a uma série de fatores como péssimos roteiros, atores medíocres e diretores idem, ou a um específico que defendo há tempos: a inabilidade em se aprofundar, de maneira inovadora, num tema antes proposto. Para nossa sorte, amantes da sétima arte, alguns casos ocorrem e somos brindados com sequências diferenciadas bem mais atrativas.
Para quem não assistiu a Uma Noite de Crime (leia a crítica), vai aqui uma rápida pincelada sobre o tema permeia ambos (original e sequência): numa América assolada pelo crime, um governo intitulado de “novos fundadores” institui uma noite em que todos os cidadãos podem praticar qualquer tipo de transgressão, sem que haja nenhuma punição ou mesmo assistência de qualquer serviço de emergência. A tal liberdade (camuflada) de 12 horas cronometradas tem por objetivo liberar os instintos mais violentos da população, fazendo com que haja uma diminuição na taxa de violência urbana.
Enquanto que, no original, somos apresentados ao drama de uma família encurralada numa casa - que supostamente oferecia proteção da “Purgação” – na sequência, a violência avança de maneira mais ampla e explícita, revelando novas e chocantes nuances.
Em Uma Noite de Crime: Anarquia, as ruas iluminadas e quase desertas escondem uma série de perigos pelos quais um grupo heterogêneo acaba se unindo para sobreviver. Agora, a violência vem tanto por parte da população, quanto de grupos misteriosos e bem armados que andam em caminhões, além de uma facção nova, que é contra o real objetivo da “Noite de Purgação”: eliminar os menos favorecidos. Inserido nesse caos, ainda somos apresentados a uma nova modalidade de Purgação: a dos ricos, em que nos é revelada uma nova faceta - que se torna uma verdadeira involução de algo criado, especificamente, para o controle populacional – que gera uma sociedade anárquica e extremamente corrupta.
Uma Noite de Crime: Anarquia não é uma sequência genial, mas convence por se propor a expandir e tratar de fatos importantes no mundo caótico ao qual o espectador é apresentado: corrupção, relações piramidais desiguais e, em último caso, direitos sociais renegados.
Em tempo: somente um personagem do original faz uma pequena participação em Uma Noite de Crime: Anarquia. Você pode vê-lo quase ao final do filme, observando o que ele se tornou após Uma Noite de Crime

Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy, EUA, 2014). Elenco: Frank Grillo, Carmen Ejogo, Kiele Sanchez. Direção: James DeMonaco. 

Nota – 6 Frames

Pontuação
01 a 02 Frames – Ruim

03 a 04 Frames – Regular
05 a 06 Frames – Bom
07 a 08 Frames – Ótimo
09 a 10 Frames - Obra Prima


TRAILER LEGENDADO
 

 
 
Post atualizado em 28/05/2021.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

FRAMES-TV: Z Nation – O clichê mal feito de The Walking Dead



Fábio Pereira

The Walking Dead é uma série de TV que revolucionou ao mostrar um apocalipse zumbi, em larga escala, acontecendo nas telinhas (algo que só havia sido mostrado nas telonas, em produções variadas). Mas, The Walking Dead não é uma série sobre zumbis, mas sim sobre como os sobreviventes reagem ao apocalipse, deixando transparecer as mais variadas facetas humanas (algumas boas e outras perversas ou cruéis). Aí você, caro leitor, que está acompanhando essa crítica, começa a se perguntar: “Mas não era para falar sobre Z Nation?”. E eu te respondo: Era sim, mas pelo título acima, não há como não fazer comparações à série de Rick Grimes & Cia.Assisti somente ao primeiro episódio de Z Nation, mas minha avaliação foi a pior possível. 
Esta produção do canal americano Sy Fy poderia ter abordado outros caminhos, fugindo dos clichês de filmes e da própria série The Walking Dead, mas não é isso que acontece. Somos apresentados a um mundo em que um apocalipse zumbi aconteceu há três anos, devastando todos os EUA e deixando um frágil contingente militar em operação. É nesse universo que, em ritmo acelerado e sem maiores explicações, conhecemos Mark Hammond (Harold Perrineau, de Lost), um soldado que precisa, a todo custo, levar o único humano sobrevivente a um ataque zumbi (devido a uma vacina milagrosa) até um laboratório na Califórnia, para que se tente salvar a humanidade. No caminho, Hammond encontra alguns sobreviventes que o ajudarão na difícil jornada.
Com a trama estabelecida, personagens unidimensionais são jogados ao espectador como as hordas zumbis que infestam as produções B dos cinemas, sem a menor preocupação em caracterizar melhor, inclusive, os protagonistas. Mas o que esperar de uma produção barata do SyFy, com clichês gritantes extraídos de The Walking Dead? Pelo início do episódio pode-se notar o descaso com a série. Numa cena em que é dada a “misericórdia” a uma anciã, um take externo mostra figurantes estremecendo antes mesmo de o tiro ser dado (!). Já pela parte final, a coisa piora ao mostrar um bebê, que antes nem sabia andar, mas depois de “zumbificado” (Alguém aí lembrou de Madrugada dos Mortos?) adquire habilidades dos zumbis de Guerra Mundial Z, construídas num CGI de quinta categoria (!!), além do péssimo encerramento com DJ Qualls (o Garth, da série Supernatural), saindo do papel sério de militar e se transformando num radialista engraçadinho (!!!).
Em resumo, Z Nation só tem um ponto positivo, que deve ser mais bem explorado ao decorrer da série: enquanto que em The Walking Dead tudo é muito territorial, com a ação se passando lentamente em alguns locais fixos, a nova produção do SyFy vai apostar num apocalipse zumbi “on the road”, colocando mais possibilidades para o espectador vivenciar um vasto EUA devastado.

Notas

- Em certo momento, Hammond afirma que achou o acampamento dos sobreviventes por indicação de um ex-policial que havia se abrigado numa prisão (Olá, Rick Grimes?);

- Um dos sobreviventes, em luta corporal com os “Zs”, usa um martelo para mata-los (Tyreese curtiu isso!);

-Nem um apocalipse zumbi pode matar o Capitalismo. Existe espaço para comercialização de armas diversificadas e customizadas.

TRAILER


 

O Criador Insano

Minha foto
Um Redator Publicitário sempre à procura de novidades nesse mundo maluco.