segunda-feira, 10 de julho de 2017

FRAMES-TV: Existe esperança para “Fear The Walking Dead”?



Fábio Pereira



AVISO! A matéria a seguir contém spoilers sobre a série “Fear The Walking Dead”. Se não quiser saber sobre eles, pare de ler aqui e clique em algum de nossos outros posts. 



Spin-offs (séries derivadas) são tentativas que os estúdios realizam para estender o sucesso das séries originais e gerar mais audiência para novos e antigos espectadores, mas nem sempre dão certo e fazem o mesmo sucesso.
Como fã da série original (The Walking Dead), fiquei bastante empolgado quando anunciariam que haveria um spin-off que mostraria o início do apocalipse zumbi, sem relação direta com Rick Grimes & Cia. Um mundo de possibilidades estava aberto! Uma delas seria a revelação do mistério por trás da infecção zumbi, fato que acabou não se concretizando e nem se concretizará, segundo o criador das duas séries, Robert Kirkman. Decepções à parte, o início do apocalipse zumbi seria um cenário fantástico para mostrar, não somente como as pessoas reagiram ao caos, mas também o lado das autoridades e militares. Só que, com o término das duas primeiras temporadas, a produção cometeu um erro primordial em acelerar a trama, fazendo com que os sobreviventes de FTWD começassem a passar por situações muito similares pelas quais os sobreviventes de TWD passam, tornando o spin-off previsível e cansativo. 
Victor Strand: o trapaceiro do mundo zumbi
Mesmo com a inclusão de personagens novos e interessantes, como Victor Strand (interpretado pelo ótimo Colman Domingo), a série perdeu muita força, justamente por continua dando um ritmo quase vertiginoso ao que deveria ser muito mais comedido. Ainda sobre a segunda temporada, a produção (novamente) perdeu grandes oportunidades em se desvencilhar da trama da série original. A história sobre a fuga de Travis & Cia. no iate de Strand poderia ter se estendido, tornando FTWD mais atrativa num cenário de apocalipse zumbi em alto mar. Além disso, o descarte de personagens fortes como a sobrevivente da queda de um avião (vinda dos episódios feitos exclusivamente para a web) também contribuiu para que novos e unidimensionais personagens surgissem e nada acrescentassem à trama principal.
Foto da primeira temporada: no canto direito, o cover do Boy George
Com o fim da primeira metade da terceira temporada, apesar do bom fortalecimento de alguns personagens, como Daniel Salazar (Rubén Blades, o Danny Archuleta de Predador 2) e Madison Clark (Kim Dickens, a Cassidy Phillips de Lost), FTWD continua em seu calvário, rumo a um fim precoce (um alto executivo da AMC já afirmou que a série acaba na quinta temporada), repetindo muitas tramas da série original e até mesmo adicionando elementos familiares dela (em um episódio, Madison e a Milícia matam prisioneiros zumbificados, que capotaram num ônibus com destino a uma prisão).
Fear The Walking nem chega perto dos índices de audiência da série original (apesar de sua queda vertiginosa, devido a uma fraca oitava temporada), mas aos trancos e barracos segue cambaleando mais que os mortos sedentos por carne. Para os fãs da série, fica a dúvida se realmente a esperança é a última que morre.

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