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Já falei aqui como aprecio alguns dos filmes do cineasta John Carpenter (vide Os Aventureiros do Bairro Proibido – clique e leia o review). Em O Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982), obra-prima do cinema de terror oitentista, o diretor dá uma aula de como se faz um verdadeiro filme do gênero (algo que parece ter se perdido nos tempos atuais, salvo algumas exceções).
Para quem não conhece a trama, tudo se situa na distante Antártica, mais precisamente numa remota estação de pesquisas americana, onde um grupo de cientistas é perturbado por dois homens, num helicóptero, perseguindo um cão pela imensidão gelada. Após a destruição do aparelho e a morte de seus tripulantes, o cão é recolhido à base, mas acaba se revelando uma criatura mortal, que é capaz de fazer uma cópia exata de qualquer ser vivo, absorvendo-o.
Numa época em que os efeitos especiais ainda estavam engatinhando a passos lentos, a equipe de produção de Carpenter conseguiu (com um realismo notável, através de Bonecos Animatrônicos)
Uma das facetas da criatura alienígena |
Mas O Enigma de Outro Mundo é muito mais do que sangue e vísceras. O filme, que mantém o espectador atento numa trama tão fantasiosa e assustadora, que chega ao ponto de se tornar quase verossímil, é composto de uma paranoia e uma sensação de insegurança que salta aos olhos. Assim como Ridley Scott conseguiu, em 1979, expor de forma visceral os elementos de confinamento e isolamento em outro grande clássico do terror (Alien – O Oitavo Passageiro), Carpenter foi também bem sucedido em sua película de horror.
Na história, recheada de testosterona, atuações nervosas e envolta pelo medo constante da replicação e morte, é em meio a cientistas e médicos que um líder improvável (e essencial) se sobressai na figura de um simples piloto de helicóptero: R. J. MacReady (o sempre ótimo Kurt Russell) é o protagonista que tem uma participação significativa em toda a trama (inclusive em seu final, que ainda gera dúvidas até hoje).
Clássico do cinema de terror e versão de O Monstro do Ártico (1951), O Enigma de Outro Mundo é o tipo de filme atemporal, com uma trilha sonora sinistra, composta pelo italiano Ennio Morricone, que ainda impressiona mesmo àqueles que não tão fãs do gênero.
Na imensidão gelada da Antártica, O Enigma de Outro Mundo não está morto ainda.
Curiosidades sobre o filme
A Verdade Está no Gelo |
-O episódio “Terror no Gelo”, da primeira temporada da série de TV Arquivo X é uma homenagem direta ao filme de Carpenter;
Com o Google Tradutor, a história seria outra |
-“Deem o fora daqui! Isso não é um cachorro, é uma espécie de coisa! Está imitando um cachorro, não é real! Afastem-se dele, seus IDIOTAS” – Esse é o diálogo do Norueguês no início do filme;
A dúvida permanece até hoje |
-Um final alternativo foi filmado mostrando MacReady resgatado, e tendo feito um exame de sangue provando que ele era humano. Isso foi feito por precaução e nunca usado, nem mesmo para testes, já que não fazia parte da visão original de John Carpenter para o filme.
Citações
“A primeira maldita semana de inverno!” – MacReady.
“Não consigo contatar ninguém há duas semanas! Ninguém deve ter falado com ninguém em todo o Continente, e agora você quer que eu contate alguém?” – Windows.
“Cinco minutos são o suficiente para um homem pirar por aqui.” – Nauls.
“Não sei o que tem aí dentro, mas é estranho e está zangado.” – Clark.
“Porque é diferente de nós. Porque veio do espaço. O que vocês querem de mim?” – MacReady.
“Acham que a Coisa queria ser um animal? Nenhum cão percorre milhares de quilômetros no frio. Vocês não entendem! A Coisa queria ser a gente! Se a célula escapar, poderia imitar tudo na face da Terra e não vai parar!” – Blair.
“Se eu fosse uma imitação perfeita, como saberia se sou eu mesmo?” – Childs.
“Ninguém confia em ninguém agora. Não posso fazer mais nada, a não ser esperar. R.J. MacReady, piloto de helicóptero, Posto 32, EUA.” – MacReady.
O Enigma de Outro Mundo (The Thing, EUA, 1982). Elenco: Kurt Russell, Keith David e Wilford Brimley. Direção: John Carpenter.
TRAILER
Fotos: Divulgação/Internet.
Informações adicionais: IMDB
2 comentários:
Amo esse filme. Não sai da Minha Lista no Netflix, e a dublagem original é nostálgica demais, especialmente o trecho de abertura, com o narrador anunciando o título enquanto a nave incendeia na atmosfera. Mas acho que a trama deixa muitos pontos sem explicação, pontos mal costurados, e coloca muita discussão aos gritos entre os caras para preencher esses claros, hehehe...Mas isso não chega a quebrar a magia da fita.
Esse é um filme que me dá cagaço desde que eu era pequeno. Lembro que o assistí a primeira vez num domingo em que o Maurício Gugelmin tinha vencido uma corrida.
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